Amigo foi com enorme alegria que o Professor/Doutor e Escritor Armando Sousa e Silva fez esta leitura e que pode ser vista no meu blogue:- alcool-basta.blogspot.com
Caro e ilustre amigo.
Às vezes, mais particularmente nas noites de invernia em que o rio é um desespero de aflição, e se ouvem distintas as vozes de antigamente, lembro-me de ti velho Barqueiro. Então, como em retrospectiva inevitável, as palavras dos que constantemente lembras, falam de portos perdidos ao longo do rio, de noites usadas a lançar a rede na pesca do pão, de naufrágios onde, como na vida, só alguns sobrevivem e de abraços que podem redimir os desnortes tão comuns nos mortais. Elas dizem que é possível regressar a terra, que apesar da tempestade, do rio se ter transformado em tormenta e o barco já sem rumo, quase se afundar, um barqueiro sabe sempre traçar o azimute que salva, basta para isso ter alguém no cais à sua espera.
Palavras são o que te dedico hoje no dia que escolheste para baptizar um “barco” novo. Palavras apenas, mas é com elas que se escreve o teu nome, o nome de todos os que te são queridos e o nome da tua nova embarcação.
Voltarás ao rio que te viu nascer como um homem novo, sem remorso, sem castigo e sem censuras por que só quem nunca se fez ao mar não naufragou.
Permite-me citar aqui uma frase de um dos meus livros:
“Todos temos um rio a correr dentro de nós mas são poucos a permitir que ele saia das margens que o oprimem.”
Estamos rodeados de água companheiro, a borrasca terminou, o rio agora é calmo, reflecte a lua e as estrelas e tu e eu, temos que remar, remar, remar…
Com um grande e forte abraço.
Na impossibilidade de ter podido estar presente físicamente por compromissos anteriormente assumidos e inadiáveis o Manuel esteve presente com este motivante texto.
Reconhecido e um forte Abraço e a melhor sorte do Mundo.
É uma honra enorme poder contar-te no meu grupo de amigos.
Valdemar Ferreira Marinheiro
Manuel Araújo da Cunha