segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sermões das Minhas Aldeias

Memórias da minha Infância:


Um de Burro e outro de Automóvel.
Freguesia da Raiva:
A pobreza dos outros:
Que saudades eu tenho de ver da Janela do meu quarto, o velho Padre Queiróz, montando o seu Burriquito e a percorrer distâncias por caminhos pedregosos, para dar assistência aos seus paroquianos.
Qual a memória que poderá deixar apagar, aquelas segundas feiras de Pàscoa a percorrer de porta em porta com o compassa ,e a visitar os pescadores que pescavam no areio de Midões.
Justamente tem a merecida perpetuada a sua memória, junto ao Pelourinho da Raiva.

Lugar de Rio Mau, hoje Freguesia:-
Como gosto de ouvir as saudosas referências dos meus amigos desta terra hoje freguesia, quando falam e citam os exemplos do padre Manel. Pessoa de referência, apesar de já ter partido há uns bons anos.
Freguesia de Sebolido:
Quem bem Pregava o Prior da Minha Aldeia:-
O Padre Vasconcelos excelente pregador, e que também pregava a pobreza do púlpito, mas que fora dele, passeava-se com o seu luxuoso automóvel para o tempo, um novo NSU Prinze, único existente na Freguesia, marcou de tal forma, que ainda hoje as pessoas dos cinquenta e tal anos para cima, recordam a cor e marca.
Era um luxo que nem mesmo os três Taberneiros da Aldeia, que durante uma vida foram amealhando alguns tostões de uma vida de trabalho e sacrifício, ou os donos das várias quintas e pesqueiras para caça das lampreias, se poderam dar a este luxo.

Fontes de receita:-
As missas, as conguras anuais e as bulas permitiam estes luxos.
Todos se muniam dela, pois convinha estar de òptimas relações com o Senhor Abade, mesmo que a carne fosse um luxo, que apenas entrava em casa por morte de algumas galinhas, quando havia nascimento de crianças, e algumas vezes um galório pela Páscoa, sendo que era o Carapau, e muitas das vezes dividido por quatro ou cinco pessoas.
Numa Terra, onde nos meses de Inverno, tanto a Agricultura, como o Rio, nada davam, e a fome era negra em muitos casos, mesmo o pouco azeite que se produzia, era para entregar ao merceeiro, para descontar na conta do livro.
Mas quando os paroquianos começavam a comentar, nada melhor que preparar um sermão da inveja e do pecado, seguido de confissões nas quais aqueles que tinham tinha a ousadia de lamentar, mas que confessavam, com medo de irem para o Inferno, talvez ainda maior do que aquele que tinham cá na vida, pagando cumprindo a penitência rezando uns padres nossos e umas avés -marias tudo ficava bem.
Foi um amigo que por quem tenho enorme carinho e estima, mas visto à distância os sermões e as práticas sempre eram o que ainda hoje ainda são.Talvez ppor estes exemplos, ceddo muito cedo deixei de professar qualquer tipo de religião.
Quem sabe se no tempo de Cristo, houvesse carrões, e aviões com swites, quartos de banho e chuveiros privados para ele e para S. Pedro, não teriam aproveitado a desfrutar destas comodidades, apenas e só ao alcance de uns tantos.
Dar exemplos , não é a melhor forma de ilucidar, mas a única.








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